Entregue no prazo, dentro do orçamento, atendendo aos requisitos técnicos e acima das expectativas dos atletas. O Velódromo de Londres para os Jogos Olímpicos de 2012 ostenta um cartão de visita invejável.
Inaugurada na semana passada, a primeira grande instalação do Parque Olímpico a ficar pronta já está sendo considerada como a melhor pista de ciclismo do mundo. Por isso, parte da imprensa britânica afirma que a obra pode salvar a reputação do Reino Unido, que enfrenta sérias dificuldades com o centro aquático e o Estádio Olímpico.
A arena, que tem capacidade para seis mil espectadores, cumpre as principais demandas dos organizadores do evento: oferece condições para grandes performances dos competidores, prioriza a sustentabilidade ambiental e tem seu legado pós-Olimpíada garantido. O projeto considerado diferenciado envolveu a participação de grandes nomes do ciclismo britânico durante a sua concepção, entre eles o astro Chris Hoy, que conquistou três medalhas de ouro nos Jogos de Pequim em 2008.
“É fantástico, realmente impressionante. Tanto dentro, como fora, tudo foi projetado perfeitamente. Não há velódromo melhor que esse em nenhum lugar do mundo”, comemorou Hoy na cerimônia de inauguração.
Entre os principais responsáveis pelo grande sucesso do Velódromo de Londres, está o arquiteto brasileiro Gustavo Brunelli. Coordenador do projeto ambiental, Brunelli participou de todas as etapas da construção, desde o início do concurso público realizado pela autoridade olímpica até a entrega final.
Ele aponta a “simplicidade” do programa estabelecido como o ponto determinante para manter a obra dentro do orçamento e ainda superar as exigências técnicas dos atletas. “Tudo tem uma razão no projeto. Por exemplo, a dupla curvatura (na cobertura) existe porque a gente queria que o meio do Velódromo ficasse o mais baixo possível. Dessa forma, conseguimos diminuir o volume do prédio, o que reduz os gastos de energia com aquecimento, por exemplo”, diz. “Mas, a gente também queria ter áreas altas para poder, durante o verão, quando se tem ventilação natural, usar isso para fazer com que o ar quente saia mais fácil, no efeito chaminé.”
O arquiteto explica ainda que “o Velódromo é um prédio muito especial em termos de requerimentos. A questão da temperatura interna e do movimento do ar é indispensável para não afetar a performance do atleta. Para os ciclistas, quanto mais quente e úmido, melhor. Só que para o espectador, tem um certo limite de até onde você pode levar as temperaturas. Então, todos os sistemas foram pensados para manter o prédio quente, mas proporcionar uma certa ventilação para o público.”
Gustavo Brunelli também aponta a participação dos atletas na elaboração do projeto. “O Chris Hoy foi parte do júri inicial do concurso. Uma das coisas que ele falou foi sobre manter uma continuidade de assentos em volta da pista para você não quebrar a atmosfera da torcida durante as provas. Isso foi implantado. Trabalhamos muito com o pessoal da British Cycling (Federação Britânica de Ciclismo)”, finaliza.
A obra, que custou 93 milhões de libras (cerca de R$ 250 milhões) e levou 23 meses para ser concluída, também está sendo considerada “a mais verde” do Parque Olímpico. “Em termos de sustentabilidade, o Velódromo tem sido o mais brilhante entre todos os projetos. Ele consegue atingir as demandas de utilização esportiva e ao mesmo tempo, ser bonito e incrivelmente eficiente no uso de recursos e eficiência energética”, destaca Dan Epstein, que supervisionou os projetos de sustentabilidade nas construções para os Jogos de 2012.
Após a realização da Olimpíada e da Paraolimpíada do ano que vem, as instalações serão dedicadas para treinamentos de ciclistas profissionais e iniciantes. E a projeção é de que o nível de utilização seja bastante elevado, como já acontece no Velódromo de Manchester, uma vez que o esporte é bastante popular no Reino Unido.
Em Pequim, os britânicos conseguiram 7 das 10 medalhas de ouro disputadas no ciclismo. Agora, com a “casa nova”, projetada dentro das recomendações dos próprios competidores, a expectativa é de que a equipe anfitriã aumente ainda mais a sua soberania na modalidade.
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